Nachtrauern...

Eu não agüentava mais guardar aquilo dentro de mim. Eu sentia a necessidade de esvaziar minha mente. Não sou muito religiosa, mas decidi ir para a igreja. Fui a catedral. Aquele imenso prédio me fazia sentir menor que uma formiga: pequena, impotente e fraca. Subi as escadas muito devagar. Não encontrava forças o suficiente para levantar minhas pernas e pisar no chão frio. Era meia-noite. Ao cruzar a entrada daquela casa de santos, o vento gélido cortou meu corpo e perfurou minhas entranhas. Ali já começava meu castigo. Pude ver o confessionário escuro no canto. Dirigi meus passos, passando pelas velas simples que alimentavam as chamas dos pedidos dos cristãos. Entrei no confessionário e pude ver através das pequenas entradas da madeira, o padre a roncar. Fingi não saber que ele sonhava com o amor de sua infância:
- Boa noite pai. Não sei se sou bem vinda a tua casa, mas preciso, necessito me confessar.
- Tu és filha de Deus ó menina. És bem vinda na casa de teu criador.
- Ó pai. Perdoa-me. Sou a pior de nossa espécie.
- Mas o que houve ó menina? Diga-me o porquê dessa tua conclusão.
- Ó pai. Eu matei. Eu assassinei aquele a quem tantos amam.
- Mas filha, por que fizeste isso? Quem mataste?
- Eu matei por fraqueza pai. Perdoe-me. Ainda hoje bebo o sangue de minha vítima.
- Quem mataste minha menina?
- A amizade meu pai. A amizade.
E no fim dessas palavras, o mundo caiu em ruínas.

Nightingale

Escutando: Je te quitte (ou De toi a moi II) - Olivia Ruiz
Foto: Broken True. by =TheNightSheDied (Deviantart)

"Why would I want to see you now?... To fix it up, make it up somehow... I die every night, every time..."