Sujeirabagunçofobia

- Entra! Desculpa a baguncinha. Eu não tive muito tempo para arrumar. Nem está muito bagunçado né? Pelo menos a cama está forrada. – E abriu aquele sorri que eu tanto amava. – Você espera aqui enquanto faço a pipoca?
- Claro!
Deu-me um beijo e saiu. Era a primeira vez que eu entrei no quarto dele. Tinha um guarda roupa no canto direito, a cama no centro, um mesinha tipo de estudos com uma televisão e um DVD. Eu não sei o que ele quis dizer com ‘baguncinha’. Porque o quarto estava uma verdadeira bagunça! Tinham folhas espalhadas na mesa; a cama estava forrada, mas o lençol de se cobrir estava amarrotado do canto da cama; tinham camisas numa cadeira que esqueci de comentar... Deus... Como eu tenho sujeirobagunçofobia, eu entrei em pânico. Eu TINHA que arrumar o quarto... Eu não ia agüentar assistir um de nossos filmes favoritos (Le fabuleux destin d’Amélie Poulain) no meio daquele... furdunço. Tirei a mochila, amarrei o cabelo. Juntei todas as folhas e coloquei num cantinho da mesa. Dobrei as camisas e as deixei arrumadinhas na cadeira. Enquanto estou dobrando o lençol olho para a porta e o vejo olhando para mim com uma travessa de pipoca na mão e uma expressão surpresa.
- Eu posso explicar. Você sabe que eu tenho bagunçofo... –Parei de falar quando ele abriu um sorriso. Deu-me um beijo. Também sorri.

Nightingale

Escutando: De ontem em diante - Teatro mágico
Foto: Bedroom Two by ~wolfsongblue (Deviantart)