Eu sou Robinson Crusoé

90 km/h. Noventa quilômetros por hora. Essa é a velocidade ideal para você estar dentro de um carro, naquela longa estrada com a cabeça do lado de fora da janela, sentindo o vento bater em seus cabelos e seus olhos observarem aquele mar extenso a sua frente. Eu, no banco de trás. Papai e mamãe nos bancos de frente. Estávamos voltando da praia. Alguns dias longe da cidade são fundamentais nas férias. Renovação. Essa é uma ótima palavra. Ir à praia com as primas e a irmã. Nada melhor do que isso.

Sempre, mas sempre que vou visitar o mar, eu me pergunto: Se eu seguir em frente, atravessando esse mar todo, onde vou chegar? Olhando o mapa mundi, eu chegaria (seguindo em frente, para leste) em Luanda, na Angola. Se fosse para o sul, chegaria à Antártida. Se voltasse para o leste, mas mudando o ângulo da régua que estou usando, poderia chegar a outros países da África, como: Serra Leoa, Costa do Marfim, Nigéria, Namíbia e até na África do sul. É estranho pensar que há terras depois daquele azul todo. Eu me pergunto se há pessoas se perguntando a mesma coisa do outro lado. Podem me achar maluca, mas não há uma única vez que eu vá visitar o mar sem me perguntar isso.

- Será que tem muitos navios viajando no Atlântico agora?
- Mas é claro quem tem.
- Será que algum deles poderia parar aqui e me levar?
- Levar pr’onde?
- Sei lá. Contanto que ele me leve para conhecer terras novas está ótimo!
- E quem você é? Robinson Crusoé?!?
- Não... Mas gostaria de ser.

[Conversa que se passa na minha cabeça.]

Escutando: Nada. O silêncio está ótimo.

Foto: The Ocean by *crazy1ady